sábado, 24 de agosto de 2013

Por favor, transforme a água em vinho e este vinho em veneno.

Vivo em estado de distração total, me afasto do cômodo espaço onde o corpo pacificamente aceita existir, por caber perfeitamente, não é preciso se revirar noite e dia, apenas se fecha os olhos e deixa o tempo passar... Mas existem pessoas e pessoas, eu gosto da cama de pregos, logo os pregos não machucam mais, então é hora de partir novamente...

Não posso me dar o direito de ficar à margem de mim mesmo... Não posso estar todos os dias no mesmo lugar, esperando que alguém me convide pra desaparecer, houve a época de sentar num banco e cantar, houve o tempo de dormir embaixo deste banco e passar a noite com uma garrafa de gim, houve o tempo de estar de mãos dadas e dizer amar mesmo sem saber do que se tratava.

Há tempo para todas as coisas, assim eu entendo essa frase bíblica, literal, eu sempre serei aquele mesmo garoto que passava um sábado todo num quarto escrevendo, ouvindo Bauhaus, e bebendo vinho que estava escondido no guarda-roupa. Fato é... a gente é o que é, mas não se segue um script de como interpretar a você mesmo, eu não quero ficar sozinho porque estou triste, muito pelo contrário, estou bem, toca uma música lenta, densa, um gole de café, um silencio absurdo de paz ao fundo do piano, eu preciso alimentar a minha alma exigente, com um paladar sofisticado e simples até demais, que só exige que o prato de hoje, ainda que o mesmo, não tenha o mesmo sabor de ontem.