sábado, 17 de setembro de 2011

Hebreus 11:1

Eu não quero saber que ela está bem, que está ganhando muito dinheiro numa empresa grande porque sei que ela é inteligente pra isso.
Não quero saber que ela está planejando viagens ao exterior para aperfeiçoar outras línguas, tampouco viagens românticas para Paris, Roma ou Madrid.
Não quero saber se o futuro marido dela é um cara ótimo, de boa família, trabalhador, que assim como ela é inteligente, bonito e bem de grana.
Sei lá cara... Eu me esforço ao máximo pra não ter crises enquanto ando durante o dia pra ir as “aulinhas de inglês”, é como se eu estivesse ainda lutando por coisas básicas, tipo aprender a andar. É assim que eu me sinto as vezes...metódico... é assim que eu me vejo, alguém que parou no tempo e que hoje mal consegue subir as escadas do prédio sem ter que parar, parar e esperar, e implorar por algo que eu nem sei mais o que é.
E eu tenho me sentido tão velho... E tem o lado onde todos tomam vinho e conversam e dão risadas, eu já não consigo mais rir com eles, então me sinto mal, do outro lado eles estão na noite cheirando cocaína e transando enquanto a suas almas estão fora de seus corpos, eu me afasto deles porque me faz mal só de estar perto.
Regressão...
Eu não consigo mais me ver tocando, fechando os olhos e com mil vozes cantar um refrão...
E sentir que passei por tudo só pra sentir essa sensação nem que por uma vez na minha vida.
Eu nem sequer consigo pensar no eterno plano B, não consigo mais imaginar como seria a tentativa de cuidar de alguém tão bem como cuidaram de mim, porque fizeram de tudo, e tudo que eu consigo é retribuir com um sorriso amarelo pra fingir que eu estou bem, mas eu nunca estive.
Eu limitei meu espaço, agora não caibo e ainda sobra espaço. Espaço de tudo que se foi, eu não estou nem ai com dinheiro que perdi, coisas que vendi e me pagaram um terço de seu valor, ou coisas que me roubaram...juro eu não ligo... Mas eu ficava ouvindo música no ônibus e fica pensando como seria tocar num festival com aquelas bandas, como seria viajar e só pensar na música, sem mais preocupações. Eu conseguia imaginar quando eu assistia um romance como me faria bem aquilo, se fosse tão perfeito, se eu pudesse fazer tudo por alguém sem ter medo de estar desperdiçando algo... que pelo amor de Deus... o que eu poderia estar perdendo??? Quando eu via um jovem casal entrando no ônibus com uma garotinha eu pensava que eu um dia seria assim, que eu poderia ser responsável, poderia ser exemplo, poderia viver em função delas e ser um terço do que meus pais são, e passar semanas feliz da vida porque ela fez um presente de dia dos pais na escola pra mim, daqueles que antigamente agente vazia com madeira e tinta guache... já pensou nisso? Ser tão feliz por algo tão banal? Deve ser lindo. Deve fazer valer a pena. Deve ser o motivo pelo o qual muitos sofrem.
“Deixai toda Esperança, ó vós que entrais!"
Parabéns mãe, é uma linda criança saúdavel.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O título original não cabe aqui, então vem logo abaixo.

Embaixo de uma ponte no centro da cidade se avistava uma janela, num prédio alto um casal trocava taças de vinho tinto. Céu e inferno comicamente divididos por uma ponte suja com um nome de politico morto.


Estou de volta ao espaço, onde o corpo despenca como meteoro esperando por impacto, onde não tem amparo, não tem vontade nem dedicação, tampouco outrora devoção. Sempre pareceu inverno, daquele desconfortável até pra respirar, eu não sabia que um dia iria piorar, e até as pequenas pretensões e antigas distrações não me manteriam mais, e eu nem essas pequenas coisas pude manter ao meu lado, aliás, o que ficou ao meu lado? Se a base de radicalismo extremo eu fui levando dia após dia como alguém que eu gostaria muito ser, mas não sou, não era nem nunca fui. Mesmo assim eu disse que não ia me importar por duas ou três vezes, disse que não valia a pena insistir por umas 4 ou 5 vezes, e prometi mudanças de 75 a 100 vezes pelo menos que eu me lembre. Até os piores dentre os piores que conheci ainda voltavam pra casa e almoçavam em família, até os demônios que conheci temiam o que não conheciam e me contavam sussurrando sobre seus medos, eu não, nunca disse nada, e o que disse foi só o que vazou pelas minhas pálpebras, rolou pelo meu rosto e explodiu em algum lugar que nunca mais eu vi, ali no mesmo lugar onde perdi, parte do que alguém um dia adorou em mim, e tudo que me fazia sentir, puro, simples e adoravelmente apenas mais um, dentre peças perfeitamente encaixadas, ou pelo menos mais próximas disso do que agora.