sexta-feira, 20 de novembro de 2015

De volta às agulhas.

Eu precisava ficar bem, eu vinha andando de segunda a segunda com o peso do mundo nas minhas costas, pressionando insistentemente a quarta vértebra.
Eu precisava fugir, nem que fosse por algumas horas, e eu sei que não justifica, uma vez que disse a mim mesmo que nunca mais faria...
Sim, eu não cumpro promessas, especialmente as que faço em silêncio, onde as testemunhas não ouvem e não acusam.

Faz seis estações que meu sorriso enferrujou, e hoje finalmente eu deixei os músculos do meu rosto voltarem ao estado normal, eu até senti a dor de quando um musculo relaxa depois de tanto tempo contraído... eu relaxei como se estivesse acabado de contar até dois e meio sobre uma maca de cirurgia, e eu nem precisei estar sedado, só precisei do silencio da casa vazia para poder chorar como um recém-nascido chora, chora desesperadamente como se soubesse o que há de vir.

Todos sabemos o que há de vir, mas todos os dias eu acordo com medo do dia em que não vou mais aceitar saber.

sábado, 18 de julho de 2015

De que lado você está?

Eu vivo caminhando sobre a linha tênue, assim como quase todo mundo.
Se eu cair para um lado, vou viver uma vida longa, adaptada, vou passar pelos meus dias com a confiança de alguém que sabe o que está fazendo, que executa friamente os planos que elabora de curto, médio e longo prazo.
A queda do outro lado é completamente diferente, eu simplesmente desisto de me encaixar, e abro mão de todo o resto, abro mão de tentar sempre acertar, deixo o rio seguir seu curso e aceito que meu lugar não é aqui, nem ali, nem em qualquer lugar. Enquanto me equilibro meu corpo está penso para este lado, e eu tenho me esforçado muito, muito mesmo para conseguir manter minhas opções, opções que talvez eu já nem tenha mais, talvez eu já esteja com os pés plantados no chão, mas meu coração ainda se equilibra nas incertezas de não saber realmente quem sou ou mesmo do que sou capaz.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

A hora da valsa.

Eu não caibo na fantasia, mas tenho que dançar no baile...
Eu me machuco todo, mas danço a noite toda como se não tivesse estancando o sangue abafando as feridas com o tecido.
Os meus movimentos são limitados.
Quando o baile acaba, finalmente, é hora de sangra em paz, hora de se amarrar ao pé da cama e convulsionar madrugada adentro, como se fosse um pouco lobo, como se fosse lua cheia...
É impossível estar nu e se sentir incluso, é impossível ser feliz vestido.