sábado, 24 de novembro de 2012

A mão esquerda de um destro injusto.

Há uma sombra que paira sobre meus passos, mesmo quando nos encontramos sobre a grama verde embaixo de um sol de novembro... Eu não tenho sombra... Quero dizer... Onde quer que eu ande... é noite, é falho e vago. Ninguém tem culpa, mesmo quando tento culpar alguém... E só faço isso pra tentar me esconder, porque eu nunca me sinto bem, a vontade... Eu sou sempre um estranho, sustentado pelos cantos das paredes da sala de jantar de alguém, alguém que alguma hora vai notar que seu hóspede trouxe a escuridão, e pra quem espera o dia amanhecer, é quase impossível conviver com a idéia de que se há existência onde há apenas breu.

domingo, 7 de outubro de 2012

Buscar ser inteiro transformou ½ em ¼.

As últimas peças do quebra cabeça deviam ser mais fáceis de encontrar, pelo menos era o que eu achava quando me via “quase completo”. E na busca pelo eu integral, perdi algumas peças que foram destruídas quando forcei contra o peito algo tão maior que deixou uma lacuna, pra uma peça ainda mais rara de se encontrar, que acredito nunca ter visto, então, eu preciso dizer que não sei mais se um dia eu serei completo, provável que não, talvez seja melhor se dedicar a entender e conviver com os espaços vazios que temos dentro de nós mesmos, criar intimidade com ele, e manter sempre acessa a chama do que de fato é mesmo pra sempre, o espaço que guardamos com todo carinho pra viver sozinho.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Protejam-se todos em suas casas.

Ontem eu não era mais eu, eu era o vazio procurando abrigo, eu procurei no som, na paisagem, na chuva, nos olhos... desabrigado recorri aos meus antigos lares, que de portas fechadas numa longa rua de portas fechadas me confundiram, e eu não achei o caminho de volta, de volta para a casa feita de música, e do quarto decorado de frases só restou lembranças, das paredes onde escrevi minhas dores, libertando meu coração do que agora só existe numa parede de um quarto inventado. Aqui não é meu lar, aqui não posso me libertar de nada, então estou na guia desta rua vazia, sobe a mira dos olhares conhecidos, que fitam a rua pela janela do conforto dos seus quartos. Deve haver um lar, um lar pra assistir do alto os corpos perdidos que caminham pelas ruas, sem destino e objetivo, que ficariam felizes mesmo se pudesse chamar de lar um humilde castelo de cartas no alto de uma montanha, onde os moinhos de vento nunca param de girar.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Onde repousam os medos. (Não posso voltar pra lá)

Eu coloquei o Diabo pra dormir em sua cama, o cobri carinhosamente, enfrentei meus medos, porque eu realmente precisava enfrentá-los, silenciar e ter a certeza de que venci. Mas um conselho... Faça silêncio. Por mim... Por você.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

"I'm ready to close my mind" Iggy Pop

Eu digo que não vou superestimar a vida, mentiroso... Mesmo meu peculiar pessimismo prova que ainda crio expectativas, porque eu imaginaria o fim de tudo se não me preocupasse: Porque faria provisões de tempestades se não fizesse questão de viver em águas calmas, com um sol bonito e fraco. Eu sou qualquer um refletido na vidraça dos prédios, com as mesmas preocupações idiotas, mesmos medos e falsas convicções. Todas as pessoas na sarjeta culpam outras pessoas por estarem ali, também responsabilizo pessoas, pelo fato de que não estou ali, porque mesmo quanto eu fiz de tudo pra silenciar a música, muitos sentaram ao meu lado, abriram uma garrafa de vinho e disseram “vamos conversar”, outros até me chamaram pra dançar, até contra a minha própria mente eu lutei, eu disse pro médico “apenas convenci minha mente que ela estava errada, eu adiei o inevitável desfecho da guerra”. Se a pior luta, travamos contra nós mesmos, hoje só o vencedor atende por “Eu”.

domingo, 22 de julho de 2012

Hoje há espaço demais aqui.

As vezes eu fico na escuridão, pra pensar sozinho, sem a companhia da minha sombra que aparece quando insistente me ponho contra a luz. Eu sei que ela não tem essa obrigação, mas ela não sente o que eu sinto, não me aceita quando a única prova de amor seria me deixar sozinho, apenas alguns minutos, não muito mais que isso. Só pra eu poder sentir como é fria essas noites que sozinho tenho desaparecido, pra terra onde não sinto falta de sentir alguma coisa, a não ser a vontade de ser (ou estar) como todos, dormir a hora que eles dormem, planejar quando planejam, abraçar quando se abraçam, estar em paz quando tão nítido vejo seus olhos confortáveis em olhar pro mais inibido horizonte, onde eu vejo um deserto a paixão no fundo dos olhos vê a terra prometida. Sem essa “paixão” parece tão em vão enxergar. É o ensaio sobre a cegueira dos corações vazios, não são um grupo que se juntam e sim que se distanciam ainda mais... não pelos motivos que a maioria se presta a imaginar, e sim pelo opaco dos olhos como de alguém que descansa embaixo das águas.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

As mesmas cores, a mesma noite.

Hoje um velho descrente eu vejo a poesia como o ato de superestimar o simples ato de viver, é por isso que os velhos de espírito são velhos, não pelo tempo que estão aqui, mas porque perderam o poder de se impressionar. Mentira. Não perdi isso, ninguém poderia perder tal força, acho que alguns se esquecem, esquecem que nem mesmo o silencio terapêutico periódico pode ser subestimado. Porque em silencio já planejei vingança, perdão e até planejei fugir sem olhar pra trás. Em silencio eu vi a cidade cinza e os rostos das pessoas colorindo a paisagem, eu vi que a ponte sobre o rio estava morta, o rio envenenado e o céu tão envenenado quanto, ficou difícil achar um lugar pra dormir de olhos fechado, mesmo que o sentinela não tivesse sombra pra lhe trair durante a madrugada. Um sorriso desinteressado é como uma digital que não se repete. E espero pelos dias em que todos os dias de manhã eu não veja conexão alguma com qualquer manhã passada. E se o passado foi bom ele será mais uma vez superado!

sábado, 21 de abril de 2012

Cuide bem do que você pensa ser seu.

Quando eu era moleque eu bebia muito, eu adorava a sensação de estar bêbado. O maior motivo era porque eu achava a vida sóbria muito realista, e ser realista era a ultima coisa que eu queria, a minha realidade era uma bosta, sei la... eu era um adolescente meio complexado, eu vomitei a primeira vez com bebida em 1999. Ontem eu fui tentar correr atrás de uma bola, uma das poucas coisas saudáveis que eu sempre adorei, mas eu não consigo mais... Eu vi os novos moleques passando por mim como se eu não tivesse ali, acho que eu não estava... só um corpo vazio, fraco e sem muita esperança. Acabei mais uma vez dormindo na escada do prédio, dessa vez todo vomitado, e o meu pai me acordou às 3 ou 4 da manhã lá... Eu já nem consigo mais me desculpar, por causa desse meu estilo de vida eu afastei alguém que sinto falta até hoje, “você merece estar sozinho, nunca reclame disso”. Essas palavras me fizeram de vez deixar de culpar o mundo pelo o que eu sou, o mundo é o que é por causa de gente como eu, que prefere não estar nele, faz anos que eu não sei o que é sentir o toque na minha pele e estar com todos os meus sentidos pra me arrepiar, é como manusear papel sulfite... Acho que quando eu chegar do outro lado e me perguntarem o que fiz, fato... não vou saber o que dizer, boa parte eu não fiz, boa parte eu não estava lá, então eu não sei se quem me amou de fato me amou, não sei se era eu lá quando você falava, e não sei se há mais espaço aqui pra mim. Quando você pega um caminho errado na estrada e precisa retornar você sempre se pergunta se não seria melhor voltar pra casa.

domingo, 8 de abril de 2012

O meu silêncio é um beijo no teu rosto meu irmão.

Eu ainda pago pelos meus erros...
Se mereço?
Quem poderia de fato dizer?
Eu sei... você não sabe e ninguém sabe.
É que as vezes é desesperador, mas eu não falo, é melhor... falar me da um medo muito maior, medo de não ser compreendido... sei lá que porra...

Só sei que se um dia tudo se for eu levarei seus abraços, seus sorrisos e a felicidade desinteressada que eu acho que é o mais perto que chegamos de Deus.
E eu sinto isso com música de fundo. E ai é tudo mais fácil.

Não importa se eu choro, esquece isso! Lágrimas todos explicam... Mas isso aqui dentro só o meu silencio entende.
Se essas fossem as ultimas palavras, eu espero do fundo da alma que não seja analisado o conteúdo literário, nem a gramática, e que se esqueça a foto do autor na contra capa... só quero que se saiba, que um dia um homem cortou os próprios pulsos... e depois de sangrar uma madrugada sozinho, sangrou o resto da vida amparado, e se foi como as estrelas se vão, fazendo brilhar os olhos dos que ainda podem consertar o que de tão frágil se quebrou.

Amparado.

sábado, 31 de março de 2012

As velhas cores de tons redefinidos.

Eu cheguei me sentindo um velho, com um velho amigo, também se sentindo um velho... uns caras velhos no palco... também se sentindo velhos... praticamente uma reunião da terceira idade...

Um publico velho, com alguns jovens como minoria.
Mas cara... todos saímos meninos de lá...

“CORREÇÃO!!!”

Uma abertura pra dar um choque num espirito velho mofado de escritório...
... eu me vi de novo com sentido nessa porra.
Vivo!

Eu estou de alma lavada! Eu me confessei essa noite, eu voltei do buraco nojento de onde eu de fato nunca sai, e de onde nunca quero sair, e o padre disse:
“filho, vá e aproveite!”.

Padre... Eu vou cantando pela chuva... e que se foda o resto.

A cidade ainda vive...
As pessoas ainda vivem...
E as nossas idéias nunca falecem!

"Acordem porque o tempo é curto demais... crianças".

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Esquizofrenia.

Eu não sou apenas mais um, sou dois. Sou o yin e yang, o coração ferido e o de plástico, o que chora pelas atitudes do outro, e o outro que provoca o um sobre tudo que ele jamais terá coragem de fazer. Sou o pedido de desculpas e a vingança, o braço pronto a ajudar e o chute na cara de quem estava a altura dos joelhos tentando se levantar. Eu sou motivo de orgulho e a vergonha de todos, sou a própria contradição, e agora mesmo me contradigo, não sou um, sou dois, e nós não vivemos em harmonia, não consigo dizer “eu sou”, digo sempre “eu estou”, pois de fato não sei bem quem sou.