segunda-feira, 30 de abril de 2012

As mesmas cores, a mesma noite.

Hoje um velho descrente eu vejo a poesia como o ato de superestimar o simples ato de viver, é por isso que os velhos de espírito são velhos, não pelo tempo que estão aqui, mas porque perderam o poder de se impressionar. Mentira. Não perdi isso, ninguém poderia perder tal força, acho que alguns se esquecem, esquecem que nem mesmo o silencio terapêutico periódico pode ser subestimado. Porque em silencio já planejei vingança, perdão e até planejei fugir sem olhar pra trás. Em silencio eu vi a cidade cinza e os rostos das pessoas colorindo a paisagem, eu vi que a ponte sobre o rio estava morta, o rio envenenado e o céu tão envenenado quanto, ficou difícil achar um lugar pra dormir de olhos fechado, mesmo que o sentinela não tivesse sombra pra lhe trair durante a madrugada. Um sorriso desinteressado é como uma digital que não se repete. E espero pelos dias em que todos os dias de manhã eu não veja conexão alguma com qualquer manhã passada. E se o passado foi bom ele será mais uma vez superado!

sábado, 21 de abril de 2012

Cuide bem do que você pensa ser seu.

Quando eu era moleque eu bebia muito, eu adorava a sensação de estar bêbado. O maior motivo era porque eu achava a vida sóbria muito realista, e ser realista era a ultima coisa que eu queria, a minha realidade era uma bosta, sei la... eu era um adolescente meio complexado, eu vomitei a primeira vez com bebida em 1999. Ontem eu fui tentar correr atrás de uma bola, uma das poucas coisas saudáveis que eu sempre adorei, mas eu não consigo mais... Eu vi os novos moleques passando por mim como se eu não tivesse ali, acho que eu não estava... só um corpo vazio, fraco e sem muita esperança. Acabei mais uma vez dormindo na escada do prédio, dessa vez todo vomitado, e o meu pai me acordou às 3 ou 4 da manhã lá... Eu já nem consigo mais me desculpar, por causa desse meu estilo de vida eu afastei alguém que sinto falta até hoje, “você merece estar sozinho, nunca reclame disso”. Essas palavras me fizeram de vez deixar de culpar o mundo pelo o que eu sou, o mundo é o que é por causa de gente como eu, que prefere não estar nele, faz anos que eu não sei o que é sentir o toque na minha pele e estar com todos os meus sentidos pra me arrepiar, é como manusear papel sulfite... Acho que quando eu chegar do outro lado e me perguntarem o que fiz, fato... não vou saber o que dizer, boa parte eu não fiz, boa parte eu não estava lá, então eu não sei se quem me amou de fato me amou, não sei se era eu lá quando você falava, e não sei se há mais espaço aqui pra mim. Quando você pega um caminho errado na estrada e precisa retornar você sempre se pergunta se não seria melhor voltar pra casa.

domingo, 8 de abril de 2012

O meu silêncio é um beijo no teu rosto meu irmão.

Eu ainda pago pelos meus erros...
Se mereço?
Quem poderia de fato dizer?
Eu sei... você não sabe e ninguém sabe.
É que as vezes é desesperador, mas eu não falo, é melhor... falar me da um medo muito maior, medo de não ser compreendido... sei lá que porra...

Só sei que se um dia tudo se for eu levarei seus abraços, seus sorrisos e a felicidade desinteressada que eu acho que é o mais perto que chegamos de Deus.
E eu sinto isso com música de fundo. E ai é tudo mais fácil.

Não importa se eu choro, esquece isso! Lágrimas todos explicam... Mas isso aqui dentro só o meu silencio entende.
Se essas fossem as ultimas palavras, eu espero do fundo da alma que não seja analisado o conteúdo literário, nem a gramática, e que se esqueça a foto do autor na contra capa... só quero que se saiba, que um dia um homem cortou os próprios pulsos... e depois de sangrar uma madrugada sozinho, sangrou o resto da vida amparado, e se foi como as estrelas se vão, fazendo brilhar os olhos dos que ainda podem consertar o que de tão frágil se quebrou.

Amparado.