segunda-feira, 30 de maio de 2011

Por autodestruição eu lutei e ainda bem... eu perdi!

Eu acho que as vezes até o Diabo teme o sentimento humano...

Eu vi o que eu próprio escrevi em cadernos velhos, e pareciam bem mais profundos que essa poça que esconde meus calcanhares, como sobreviver no raso? Se inocente busquei a superfície...se arrependido sinto saudades da visão embaçada, do sal e da vida que existia, no fundo duma empatia que qualquer jovem possui, mesmo um aspirante a errante profissional, mesmo eu que sempre achei que seria Peter Pan muito mais herói que o Superman. A intensidade não é mais pra mim um buraco que nunca se chega ao fim, e que nunca se soube que jamais teria um fim, então só se esperava, enquanto caia, com o peso de uma responsabilidade totalmente ignorada amarrada aos joelhos... Responsabilidade pesada de ser, o que jurava ter nascido pra combater, mas os vermelhos nunca existiram... e você acorda...como o amigo oculto, ameaçando a você mesmo, porque no final, só foi você mesmo, e uma história inventada, de personagens idealizados, de amigos imaginários, de cenário removido e iluminação fraca, num vazio escondido na percussão do taco do palco e o sapato, acho que pela primeira vez em alguns anos não tenho nada pra me queixar, porque assim como tudo que foi dito, assim como corte, sangue e dor, naturalmente como nasce, desenvolve e morre, isso é exatamente o que posso chamar de normal.

domingo, 15 de maio de 2011

Diálogo e descrença

- Você não é muito de falar né?

- Até sou, mas acho que seria inevitável que eu falasse algumas coisas imbecis, como a maioria dos outros homens eu me comporto como um imbecil na frente de uma mulher bonita.

- Mas a maioria dos outros homens nunca diz isso.

- É porque estão ocupados tentando ser foda pra você.

- Você não está? Porque estou impressionada!

- Eu também de certa forma... Apesar de você já ter feito “isso” algumas vezes, você parece tão confiante em dizer que um estranho novo é melhor do que qualquer estranho que você já tenha conhecido.

- Você acha que estou errada? Você é um estranho igual a qualquer outro?

- Você pode apostar todo seu dinheiro nisso! O que acontece é que eu sei o que você está procurando, é algo especial, que te da coragem de sair de casa e procurar, embora nunca tenha visto, e só ouvido suas amigas falarem, e então você pensou que isso fez delas pessoas melhores, e por fim, você quer ser alguém melhor. Mas não sou nada especial, e você só vai se decepcionar um tanto mais.

- ... Deus do Céu! Você é a pessoa mais honesta e maravilhosa que já conheci em toda minha vida! Eu preciso de você, minha vida acabou de fazer sentido a partir desse momento! Não sei mais existir sem você.

- Acho que nunca fui honesto em toda minha vida, não diga besteiras! Quer saber... já cansei de tudo isso, até mesmo loucura e carência tem limites, e outra, minha cerveja acabou! Eu tinha esperanças de uma transa legal, numa noite lamentável como essa seria algo pra compensar o tempo que gastei nesse lugar, cheio de gente domesticada e doses de Whiskey três vezes mais caras que um bar normal.

- Certo... Eu entendi tudo... só quero que saiba que pra sempre você será especial para mim, e pra sempre te amarei!

- E eu só quero que saiba que vou te odiar pra sempre por ter pago R$ 8,00 numa Long Neck.

Quando ela chegou em casa limpou o rosto, e dormiu, profundamente, como a certeza de que sempre sentiria isso, e sempre sentiria vontade de sentir, de novo, e de novo... quantas vezes fossem necessárias.

Ele acordou num bar, vazio, com a TV ligada passando um programa rural, se sentiu nauseado, inútil, uma peça velha que não funciona numa engrenagem que trabalha sem cessar, e então foi embora pra casa.

E no final talvez os valores se invertam... e quem decide nunca foi exatamente livre pra tomar escolhas imparciais, talvez só obedeça suas próprias razões... E quem pode se rebelar contra as ordens da própria razão? Eu não... sei...