domingo, 13 de janeiro de 2013

São Paulo, 13 de janeiro de 2013.

Eu queria ter o prazer de superestimar minha própria existência... O que você vê de gente comentando no ônibus, na fila do mercado ou na área de fumantes de um bar as suas qualidades, o quanto podem ser justas, o poder que possuem de distinguir o que é bom e o que é ruim, como conseguem ser tão ousadas sem se precipitar... Caralho... Eu não tenho nada pra falar de mim mesmo, eu não me orgulho de nada e ainda sou capaz de me afundar ainda mais... Um cara é hospitalizado, então todos os amigos vão lá ver o cara, fazia 6 meses que ninguém o via, e ele mora 3 casas acima do bar onde bebíamos todos os dias. Acho que todos voltam pra casa com sensação de dever cumprido, tipo “fui visitar um cara que eu só lembrava que existia quando eu estava apontando seus defeitos e rindo dele com os outros miseráveis”. Eu sei, seu sei... eu vou me foder... vou acabar doente, velho e sozinho... Acredite, eu não queria, mas não quero comprar companhia com “sorrisinho”, as vezes sozinho no meu quarto eu me sinto mais original, tipo, quando não estou na fábrica sabe... Eu não quero ficar apontando uma taça de frisante pra um monte de gente escrota, eu assisto ao filme repetido, ou vou ao bar e fico ouvindo um velho falar que comeu 350 mulheres durante sua vida... A verdade mesmo é que se tudo na vida é um monte de regras e atitudes para serem tomadas em momentos pré agendados, assim como na fabrica, eu quero mais é ser totalmente incompleto, e tem gente que olha pra um cara e diz “o cara tem tudo”, coitado... Eu tenho nada, e essa falta de responsabilidade é o meu trunfo, eu não to nem ai pra quem da dinheiro pra pastor, ou quem assiste reality show, ou pra quem chora vendo comédia romântica e dorme com a pomba gira enfiada no rabo. Quando você traga um monte de fumaça de um cigarro pela primeira vez, é uma droga ruim, e você garante que é bom, que tem um sabor maravilhoso... De tanto repetir, uma hora um trago parece a cura pra todos os males, um gole de Whiskey parece a paz mundial, e sorrir enquanto se quer chorar pode parece natural como a sua própria inspiração, que pode até ser ouvida e logo rejeita quando se é mencionada.

Um comentário:

John disse...

Muito bom caro Watson!