quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Minha vida química. (A continuação)

Quando eu era garoto e tocava numa banda, agente sempre saia dos shows tristes, pelo show ruim, e acho que principalmente por que dava pra ver que a nossa opinião era de fato unânime.
Depois de tanto ouvir as pessoas dizerem “ahh ta muito legal um dia vocês vão chegar lá”, sei lá a coisa até foi melhorando, anos e anos me fizeram chegar a conclusão de que não melhorei nada, mas aprendi que em qualquer coisa nessa vida você precisa estar certo antes.

Dificilmente você vai conseguir convencer alguém se ainda não estiver convencido.
Sei lá. eu podia ser emo, feio, patético, bêbado, mal vocalista, letrista ou guitarrista, mas cara, era a minha química saca?
Talvez a sua química esteja em um carro bonito, ou em uma namorada bonita, a minha era essa, era a hora que fazia as outras horas valerem à pena.

Ta bom, ta bom, eu sei que centenas de pessoas nesse mundo vão se identificar com a sua química, e 99% delas me achariam um idiota por pensar nessas coisas.

Fica na platéia, de mãos dadas com uma princesa, pega seu Mercedez, que eu vou descer do palco, encher a cara de cerveja, juntar os trocados amassados, chamar um grande amigo pra tomar mais uma, vou chegar em casa rouco, alguma plebéia vai me ligar, dizer que adora musica “tal” e depois que sou muito especial.

E depois de tudo, um dia depois você estará reclamando do trabalho que te exige muito, a princesa vai te deixar preocupado 24 horas por dia, por todos os outros carros fodidos de caro que passam na rua e podem chamar a atenção dela.

Cara, eu vou de metrô, ouvindo Iggy Pop, subindo a Augusta, fumando um cigarro.

E a minha química nunca me deixa!

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